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Nero

$tevan

Letra

    Munido de Beretta e caneta
    Nossa luta ainda é maior que o luto
    Os porcos querem as pérolas, matam por cédulas
    Nossas lágrimas pra eles são produto

    Fruto do sofrimento que nós conhece bem
    Nosso sangue adubou esse chão
    Livres não somos, desde os cromossomos
    Até o tênis que eu uso cheira a escravidão

    Ainda são eles que controlam o estado
    Os senhores de engenho, os latifundiários
    O gringo imperialista que vê a gente como escravo
    Por isso minha existência é um ato revolucionário

    Isso é como um jogo de xadrеz
    Onde o inimigo é o estado burguês
    Só que agora chеgou nossa vez
    O dia dos peões esmagarem reis

    Queimam museus, fogo na Amazônia
    Queima Notre Dame que é pouco pro clero
    Demônio sonoro, anti Bolsonaro
    Que o império queime e eu componha, sou Nero

    Cada soneto tem linhas de socos pra salvar quem tá nas linhas de fogo
    Tô pelo meus, fuck the police, foda-se os político, isso não é jogo

    Pensa um pouquinho ai e me fala sinceramente
    Quando foi a última vez que tu disse algo decente

    Cê não mereceu, quem trabalha paga
    Essa vidinha, um conto de fardas
    Saiba, quem sofreu não tem cabeça fraca
    E a tua conta ainda não tá paga

    São longos anos de dominação
    De lutas e sangue no chão
    Pra que chegue um filho da puta
    E chame o golpe de revolução

    1-9-6-4
    Fake Brasil pra burguês safado
    O braço do governo tá armado
    E de repente no domingo tu termina fuzilado

    Tão tentando avisar
    Mas precisam ser vistos como igual
    Tem uma corda no teu pescoço
    E tu chupando o Bozo que nem um halls

    Desculpa se eu falar o óbvio
    Me chame Leandro Karnal
    Mas toda essa culpa acumulada
    Veio pra cá com Cabral

    Enquanto o sistema pega fogo eu componho
    Pois minha composição ajudou a queimá-lo
    Imperialista bom pra nós é o que já tá morto
    O dia vai chegar, o dia há de chegar

    O lado sul do mapa reveste-se de sonhos
    É os mano do meu bairro contra os boy de Chicago
    Mal sabiam que junto dos meus manos componho
    O dia vai chegar, o dia há de chegar

    Da periferia do mundo onde super exploram
    A força do trabalho preto
    Onde a cada passo que nós dá
    A revolta se torna o centro

    O coração do império pulsa
    O sangue que escorre é negro
    Foda-se vocês e o seu lucro
    Privatiza meu dedo do meio

    Cada letra escrita entre a labuta
    Pra nós é como a tomada de Havana
    Não planejar e agir por instinto
    É um dos pecados da guerrilha urbana

    Mais três guerreiro anticolonial
    Mostrando qual a força de ser nós por nós
    Sem dó menor, os condenados da terra
    Vão tombar burguês, efeito dominó

    Deixa queimar enquanto nós compõe
    Porque o capitalismo nunca vai ter cura
    Hoje minha vida de artista operário
    É uma longa história de amor e fúria

    Enquanto o sistema pega fogo eu componho
    Pois minha composição ajudou a queimá-lo
    Imperialista bom pra nós é o que já tá morto
    O dia vai chegar, o dia há de chegar

    O lado sul do mapa reveste-se de sonhos
    É os mano do meu bairro contra os boy de Chicago
    Mal sabiam que junto dos meus manos componho
    O dia vai chegar, o dia há de chegar


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