Endsong

Reflexão sobre perda e tempo em "Endsong" do The Cure

Logo no início de "Endsong", a imagem da "blood red Moon" (lua vermelha como sangue) traz um forte presságio de perda, mas também tem um significado pessoal para Robert Smith. Ele associa a lua cheia a uma lembrança de infância: assistir ao pouso da Apollo 11 ao lado do pai. Essa memória conecta um passado cheio de esperança e possibilidades à sensação atual de isolamento, expressa no verso “wondering what became of that boy / And the world he called his own” (me perguntando o que aconteceu com aquele garoto / E com o mundo que ele chamava de seu). A música constrói um contraste entre a inocência dos sonhos antigos e a percepção amarga do presente, marcada pela passagem do tempo e pelo sentimento de não pertencimento, como em “I don't belong here anymore” (não pertenço mais a este lugar).

A repetição de “It's all gone” (tudo se foi) reforça a ideia de perda total, não só de pessoas ou objetos, mas também de sonhos, esperanças e do próprio sentido de pertencer. O trecho “Left alone with nothing at the end of every song” (deixado sozinho sem nada ao final de cada música) sugere que, ao fim de cada ciclo ou experiência, resta apenas o vazio, intensificando a atmosfera melancólica da faixa. O remix feito pelo Orbital, com camadas eletrônicas e produção expansiva, amplia essa sensação de jornada existencial, transformando a solidão e o desespero em uma experiência quase hipnótica. "Endsong" se destaca como uma reflexão sobre envelhecimento, desconexão e a busca por significado diante do esvaziamento das coisas que um dia foram importantes.