Miss Nothing

Identidade fragmentada e luto em “Miss Nothing”

Em “Miss Nothing”, da banda The Pretty Reckless, Taylor Momsen utiliza referências provocativas para abordar temas de perda de identidade, exclusão e autodestruição. No videoclipe, Momsen se coloca como Maria Madalena em uma versão caótica da Última Ceia, sugerindo uma crítica à marginalização histórica e ao julgamento social. Essa escolha visual reforça o sentimento de deslocamento presente na letra, onde a protagonista se vê perdida e sem controle sobre si mesma, como nos versos: “I'm Miss Autonomy, Miss Nowhere, I'm at the bottom of me” (Sou Senhorita Autonomia, Senhorita Lugar Nenhum, estou no fundo de mim mesma).

A música destaca a fragmentação da identidade ao usar títulos como “Miss Autonomy”, “Miss Nowhere”, “Miss Androgyny” e o polêmico “Miss Cunt Strewed” (palavra censurada e pouco notada, segundo Momsen), mostrando diferentes facetas rejeitadas da protagonista. O luto pela perda de alguém aparece em versos como “And as I watch you disappear into the ground / My one mistake was that I never let you down” (E enquanto vejo você desaparecer na terra / Meu único erro foi nunca ter decepcionado você), conectando a dor da ausência à perda do próprio sentido de existência. A recusa em buscar redenção, expressa em “I don't need to be saved” (Não preciso ser salva), e a repetição de “Miss Nothing” reforçam o vazio e a sensação de não pertencimento. Assim, a canção mistura luto, autossabotagem e crítica social, usando imagens fortes para expressar a confusão de quem perdeu tudo, inclusive a si mesmo.