Intento

Dor e reconstrução após o fim em “Intento” de Ulises Bueno

Em “Intento”, Ulises Bueno transforma o término de um relacionamento em uma experiência marcada por confusão e paralisia emocional. A imagem do labirinto e a sensação de estar perdido mostram como o fim do amor pode desorientar. O verso “Intento volar, pero no llevo alas” (“Tento voar, mas não tenho asas”) resume a frustração de tentar seguir em frente sem conseguir se desprender do passado, reforçando o tom melancólico da música.

A letra também aborda a responsabilidade compartilhada pelo fim, como em “No fue tuya la culpa, fue de los dos / Por ser tan caprichosos” (“A culpa não foi sua, foi dos dois / Por sermos tão teimosos”), mostrando maturidade ao reconhecer que ambos contribuíram para o desgaste. Metáforas como “Como el agua se hace hielo / Nos congelamos” (“Como a água vira gelo / Nós nos congelamos”) ilustram o afastamento e a perda de calor afetivo. O apego às lembranças aparece em “Se me quedaron tantas cosas en tu cama” (“Ficaram tantas coisas minhas na sua cama”) e “Me cantan tus palabras en mis madrugadas” (“Suas palavras me cantam nas minhas madrugadas”), mostrando como a presença do outro persiste mesmo após a separação.

Além do conteúdo emocional, há uma polêmica envolvendo a canção: “Intento” foi originalmente composta pelo grupo espanhol Fondo Flamenco, e a versão de Ulises Bueno não foi autorizada pelo autor original. Isso acrescenta uma camada de complexidade, pois a apropriação e ressignificação da dor de outra pessoa em um novo gênero musical também refletem o tema central da música: a tentativa de reconstrução e reinvenção após uma perda.