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A Caminho de Damasco

Umbando

Letra

    Era um golpe de vista sem poder deixar pista em sua exatidão
    Era um golpe de sorte, entre a vida e a morte um til de oscilação
    Era um golpe de mestre, uma prece assentada em sua mão
    Era um golpe de gênio, seu labor, seu engenho, pousados num fio de alta-tensão

    Era agosto ou setembro, não sei, não me lembro, fosse noite ou dia um só motor
    Toda a sua rotina era na vaselina, era seca igual rufo de tambor
    Era agosto ou setembro, era o seu instrumento, era o tempo, era uma coisa só
    Era o seu instrumento tratado a ungüento, à espera de desatar o nó

    [Na virada do temporal!]

    Um homem tem muitas caras, um homem tem muitos sonhos
    Um homem tem muitos brios e apenas um coração.
    Um homem tem mil amarras, um homem tem mil demônios
    Um homem pensa palavras e diz pensamentos vãos
    Um homem quer mas não sabe; tem a chave mas não abre
    Um homem vê mil caminhos cruzados numa grande inconclusão
    Um homem não é uma sombra, um homem não é faz-de-conta
    Um homem não é mais um homem vagando em meio à multidão
    Sua palavra desponta, seu pensamento se inflama!
    Ele agora é um homem, agora é um homem levando no peito uma multidão
    Ele agora é um homem, agora é um homem levando no peito uma multidão

    [Na virada do temporal!]

    Uma manhã de dezembro, estaria chovendo, o tempo já não tinha marcação
    Em sua lâmina fria corriam-lhe os dias, cada instante era pura prontidão
    O lugar era incerto, uns dizem um deserto, outros dizem em plena multidão
    Sua retina vidrada, o vazio e o nada ocupavam seu campo de visão

    E cruzou-lhe o caminho aquele que em sonho existia num instante e em outro já não
    Foi naquele momento - agora bem me lembro! - seu instrumento era ele, e ele era sua mão
    Era um tempo sem parte, era cedo e era tarde, e o destino era um ponto sem então
    Do que sei dou notícia, alguns dirão que minto, eis uma luz o cegou com seu clarão!

    [Na virada do temporal!]

    E foi com um espinho na carne, e com muita tinta no sangue
    Assistiu sua infâmia mudada numa missão
    E aquele, de seu perseguido - (pior não tivera sido!) -
    Tornara-se agora, com muito mais lealdade, um seu perseguidor
    Ungir o seu instrumento, fora sua única tarefa
    - e a todo que houver perseguido, duvido que também não o perseguirão -
    Sua única tarefa, feita com tal zelo e arte
    Foi mister lhe pôr à parte, entre os que à eternidade se obrigarão

    Um homem tem muitas artes
    Perseguir é sua sina
    Ele é seu instrumento
    E o silêncio é palavra de salvação


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