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Casos Noturnos

Val Donato

Letra

    A carne apodrece quando a noite vem
    Da fumaça a levar um olhar
    Além da vida e do passado
    Morto, enterrado na cama suja
    Vou rasgar os lençóis e queimar
    Minhas roupas
    Tão manchadas pelo carvão dos meus ossos
    Eu sou a luz
    Que se apaga no fim da madrugada.

    Quero ser a pobre criatura que amarás um dia
    Tendo a lama da rua como espelho
    Serás narciso, sem nunca ter tido
    Os olhos vermelhos
    Do eterno sono, do abandono
    Dos sonhos meus.

    O hálito do teu cigarro não me merece,
    Mas eu gosto.
    Eu gozo nas cinzas da tua saliva.
    Eu jorro da fonte da tua carne viva.
    Da tua carne viva

    Qua a vida se repita
    Que a vida se repita
    Qua a vida se repita
    Que a vida se repita

    Chegas sempre pra mim ao parir do sol
    Pra desatar os nós,
    Pra me mostrar o que é o amor.
    Pra me inundar com o teu amor
    Pra dividir amor e dor
    Amor e dor.


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