Nasty Girl

Empoderamento e ironia feminina em “Nasty Girl” de Vanity

"Nasty Girl", interpretada por Vanity e escrita por Prince, vai além de uma simples provocação sexual. Lançada nos anos 1980, a música desafia abertamente os padrões de comportamento impostos às mulheres, colocando a protagonista no centro do desejo e do controle. Logo no início, Vanity recusa revelar seu nome e propõe um jogo de mistério e poder, invertendo a lógica tradicional em que a mulher é passiva. Ao dizer “I'm looking for a man that'll do it anywhere / Even on the limousine floor” (Estou procurando um homem que faça em qualquer lugar / Até no chão da limusine), ela assume seu desejo sem pudores, subvertendo o tabu da sexualidade feminina e mostrando autonomia sobre seu corpo e vontades.

O refrão “Do you think I'm a nasty girl?” (Você acha que sou uma garota pervertida?) provoca diretamente o ouvinte, ironizando o julgamento moral sobre mulheres que expressam sua sexualidade. O duplo sentido aparece em frases como “I need seven inches or more” (Preciso de sete polegadas ou mais), reforçando o tom ousado e bem-humorado da canção. O contexto histórico e a persona de Vanity, criada sob a influência de Prince, reforçam a ideia de empoderamento feminino. Apesar das críticas de que a música reforçaria estereótipos sexistas, muitos a veem como uma celebração da liberdade sexual da mulher, com Vanity no papel de femme fatale que dita as regras. A ironia final, “Wake me when you're done / I guess you'll be the only one having fun” (Me acorde quando terminar / Acho que só você vai se divertir), zomba das expectativas masculinas e sugere que o prazer feminino costuma ser ignorado. A decisão de Vanity de renunciar à canção após sua conversão religiosa adiciona uma camada de complexidade, mostrando como a música foi símbolo de libertação e também motivo de reflexão pessoal para a artista.