Lua e Marte

Entre culpa e reconciliação em “Lua e Marte”, de Vitinho

No pagode de Vitinho com participação de Pedrinho, lançado ao vivo em 2019 no álbum Sonhos, Vol. 1 (Ao Vivo), o eu lírico tenta reatar assumindo erros e mostrando crescimento. A metáfora “Isso é Lua e eu tô em Marte” aponta não só distância, mas desencontro de tempo e de mundos, reforçando o “passou, agora é tarde”. O arco emocional vai da culpa ao autoconhecimento, marcado pela virada de “Você conseguiu me achar” para “Mas já consegui me achar” no trecho de Pedrinho. Ele admite a imaturidade — “eu era menino... estava um pouco perdido” —, reconhece que o passado não muda — “o que eu fiz já sei, não vai mudar” — e se compromete a fazer diferente — “posso fazer melhor”. A oposição simbólica também amplia o sentido: Lua evoca sensibilidade e romance; Marte, impulso e conflito, sugerindo polaridades que afastam o casal.

Para provar que a promessa é concreta, o narrador lista gestos de risco e transparência: “apostaria todas as minhas fichas” e “até de paraquedas pularia / te apresentaria pra minha família / te passaria a senha do meu celular”. A entrada de Pedrinho reforça a intensidade do sentimento — “eu mato e morro por você” —, agora com a nuance de alguém que já “conseguiu se achar”, abrindo espaço para uma reconciliação mais madura. Os temas centrais são arrependimento, vontade de recomeçar e compromisso. Vale notar que a composição é assinada por Gaab e Pedrinho, o que explica a presença ativa de Pedrinho na narrativa e o caráter de confissão compartilhada que atravessa a canção.