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Bicho do Mato (part. Valete e DJ Ketzal)

W-Magic

LetraSignificado

    [W-Magic]
    O teu coração não sei, mas o meu é bipolar
    O mesmo que me faz rir é o mesmo que me faz chorar
    Não vivo às metades, eu sou o nada ou o tudo
    Para sentir pela metade, podem ficar com tudo!

    [Valete]
    Oriundo do mesmo espaço nauseabundo
    Que me fez inadaptado e soterrado no submundo
    Hoje vivo profundo nesta fossa, eremita do vosso mundo
    Porque não curto vossa espécie

    A vossa existência é uma mentira
    A triste ignorância é a vossa força motriz
    O país a descambar e nunca sente a vossa ira
    Porque passam o dia todo em birras e em haxixe

    Vejo essas damas, a minha alma chora
    Futilidade mora nessa cabeça que não labora
    Materialismo e consumismo é o vosso doping
    Se pudessem passavam 24 horas no shopping

    Inúteis, vivem para ser Marilyns
    Mas nunca conseguem ver a luz como Gremlins
    Ser mulher não é só andar produzida
    E não é só fazer sobressair o rabo nas leggings

    Superficiais como esses broncos
    Analfabetos mas com grandes peitorais
    O cérebro é um deserto, vivem para ser objectos
    E com esse orgulho abjecto de serem metrossexuais

    Raça em destroços como casa
    Desde sempre que são a desgraça neste enredo
    Informação que absorvem dá medo, é o degredo
    E o vosso programa cultural é a Casa dos Segredos

    Os mais velhos dizem que tudo é corrupção
    E que a recessão é culpa dos políticos de má fé
    Mas é só conversação, pouca participação
    À espera que a revolução aconteça no café

    Sente a verdade que eu difundo
    Aqui escondido, soterrado no submundo
    Bicho do mato, não me adapto a vossa raça
    Bem longe da vossa farsa, o eremita!

    Sente a verdade que eu difundo
    Aqui escondido, soterrado no submundo
    Bicho do mato, não me adapto a vossa raça
    Bem longe da vossa farsa, o eremita!

    [W-Magic]
    Estou parada num castelo a ver a vida passar
    Cadeados com ferrugem não deixam ninguém entrar
    Eu fui esquecida, eu fui banida, lançaram-me ao vento
    Perdi o tempo mas conto o tempo como passatempo

    As muralhas que ergui são mais altas que os meus olhos
    E onde eu perdi, não morri, aprofundou-me foi os olhos
    Desorientada no escuro, já não procuro a esperança
    Ela deixou-me, abandonou-me, deixou-me só com as lembranças

    Vendi a criança exterior para ficar com a interior
    O meu sorriso é manchado por partículas de dor
    Tenho pavor quando me olhas e me chamas de amor
    Como se me visses de perto antes de o sol se pôr

    Tu que nem me vês, digo-te, tens os olhos vendados
    Eu sou inteira, vês, tenho os bocados colados
    Trancada num quarto, quero partir e não parto
    Eu não sou a princesa, eu sou o Bicho do Mato!

    Sente a verdade que eu difundo
    Aqui escondido, soterrado no submundo
    Bicho do mato, não me adapto a vossa raça
    Bem longe da vossa farsa, o eremita!

    Sente a verdade que eu difundo
    Aqui escondido, soterrado no submundo
    Bicho do mato, não me adapto a vossa raça
    Bem longe da vossa farsa, o eremita!

    Os meus olhos são escuridões, sigo todos os trovões
    Eles não me vêem a alma e ela tem quatro vulcões
    Trancada num quarto, quero partir e não parto
    Porque eu não sou a princesa, eu sou o Bicho do Mato!


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