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31 de Outubro (part. Faustino Beats)

WWL RAP

Letra

    É representatividade
    Tu saca a dualidade
    De mais um joão sem braço, sem perna pela cidade

    Pele retinta, passou dos 30 na boca tem um cachimbo
    Personagem folclore, sitiado no limbo
    Futuro aposta é baixa, mais um menor peralta
    Em média é morto aos 20, o CAM nem sente falta

    Capacidade máxima, mil bactéria em alta
    Pediu papel e fumo, a entidade em pauta
    Logo sumiu do mapa, hoje te vi na Lapa
    Ladeira do São Bento, a Dona Benta chapa
    Farinha é droga cara, pra ele é queijo e água
    Dieta exaustiva, cero num come nada

    Tem Pererê no Pelourinho, pedinte no teu caminho
    Perneta pede passagem, do pão pede um pedacinho
    Na Baixa do Sapateiro, queria calçar chuteira
    Ser craque no Barcelona ou buscar crack na biqueira
    No país do futebol, seu Christmas não é Merry
    Nunca ganhou de presente, mas usa a capa do Harry

    Tia Anastácia revoltada dentro da cozinha
    Enquanto frita o bolinho pensa não ter jeito
    Buzu lotado e até o cobra faz piadinha
    Passagem R$3, 70 graças ao prefeito

    Ela atravessa a cidade todo santo dia
    E se pergunta da sua vida quem escreveu o roteiro
    E quando chega em sua casa no Lobato
    Espera que o nome do bairro não seja sobre o Monteiro

    Pivetes fora dos lares, compostos moleculares
    Garrafada de Campari, em frente à Igreja dos Mares
    Observados pelo engravatado no carro importado
    De vidro fechado, com olhar enojado
    Cabeça, essa porra tá me lembrando um safári

    Chão de areia, bola de meia
    Craques batendo uma bola na street
    Sem santa ceia, caixão, cadeia
    O crack e o cachimbo já tá no kit

    Querem que meu povo morra, eu digo: Corra!
    Mas nunca pra fugir
    Corra atrás de sonhos
    Quero pretos ricos e racistas debaixo da lápide

    Infelizmente é comum
    Eu sou apenas mais um
    Tentando sobreviver
    Me escondendo pra vocês não ver

    A vida sempre foi pesada
    Tonelada só pra quebrada
    Mais um Barnabé sem abrigo
    E sua pele é um alvo no mundo que eu vivo

    Quando eu podia correr já me sentia paralisado
    Me tiraram a perna e mandaram eu correr
    Pra poder me chamar de culpado

    Querem escravizar o morro
    Alienam, tentam roubar o gorro
    Eu não corro, revido em pipoco
    O capuz é a mente, é o ouro

    Que abre o caminho pra mudar
    Os trilhos dos pretos que a mídia faz
    Eu confesso: É difícil se pra mim
    As portas possuem cadeados a mais

    O cachimbo abre a mente e é da paz
    Com furacão nos pés, tô sagaz
    Com a luta de pé e você cai
    Quero o topo
    Sai!


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