exibições de letras 413
Letra

    De onde terás vindo
    Vida matreira, que hoje és minha
    Que campos, perdidos no infinito
    Encontrei em ti consciência da razão maior
    Para viver do que ter nascido

    Vagando em pagos feito pela ausência
    Despertando sóis
    Amadureceste a sombra fria
    E eu sou mais no bem comum que tenho pela vida
    Por saber que és o mesmo Deus que habita em mim
    Que são iguais, que são sozinhos

    Eu também sou tu
    Buscando a interpenetração das querências
    Num pago feito de saudade
    Vivo laçando estrelas
    Madrugando luas
    E eu que pensei
    Que a roda fosse fita de chegadas e partidas
    Mas a roda não chega, nem parte
    Vive em torno de si
    Para dar ao corpo da carreta, como eu
    Ilusão de ânsias percorridas

    Deus plantou o homem na terra
    Deu-lhe raízes ao vento, rosa ao pensamento
    Luta na paz, paz na guerra
    E o Homem deparou em si a origem das perguntas
    Eu sou a maior pergunta, mas quem sou?

    Não me basta de dia viver no corpo
    E a noite viver na alma
    O homem que sou nasceu em mim
    Pensou, sou semente
    Sou semente que chegou no tempo
    Pousei num ventre
    Despertei nesta existência
    Plasmado no estado de ser, me fiquei
    Alimento um elo cíclico
    Telúrico da raça, raçador
    Sou prosseguimento de meus avós
    Para que meus filhos, sejam entre mim
    E meus netos

    Mas sei que plantado num sono de terra
    Voltarei num dia desses ao nascer da morte
    Porque a terra, a terra é o maior
    De todos os ventres desta vida
    Sou semente que chegou no tempo
    E sou antes mesmo antes de saber que era
    Hoje que sei, não me permito morrer nunca
    Mas se após a minha morte
    Não houver mais nada
    Faço desse nada uma espera
    Sem pressa, sem tempo
    Para tornar a ser um dia

    Por isto, por mais que siga a distante
    Sei que não sai de mim, sou no princípio
    E no fim, razão pura da existência
    Que vagando na querência
    O som da palavra pura
    Expressão do pensamento
    É a estrada feita no vento
    Eu transito sem forma
    Perfumando a brisa morna
    Pela preguiça do tempo

    Tenho rimas de silêncio
    Quando em vulto eu me desfaço
    Rogando sobre o rumo do meu passo
    Me convém, deixando a rima que vem pro verso
    Que eu nunca faço

    Por mais que siga adiante
    Sei que não sai de mim
    Sou no princípio e no fim
    Razão pura da existência
    Que vagando na querência


    Comentários

    Envie dúvidas, explicações e curiosidades sobre a letra

    0 / 500

    Faça parte  dessa comunidade 

    Tire dúvidas sobre idiomas, interaja com outros fãs de Xirú Antunes e vá além da letra da música.

    Conheça o Letras Academy

    Enviar para a central de dúvidas?

    Dúvidas enviadas podem receber respostas de professores e alunos da plataforma.

    Fixe este conteúdo com a aula:

    0 / 500

    Opções de seleção