O Sopro do Fole

Tradição e pertencimento em “O Sopro do Fole” de Zeca Veloso

Em “O Sopro do Fole”, Zeca Veloso explora sentimentos de saudade, deslocamento e pertencimento ao revisitar suas raízes sertanejas e familiares. A imagem do “passarinho sem casa” expressa tanto a sensação de não ter um lugar fixo quanto a busca por liberdade, refletindo a experiência pessoal do artista. O “sopro do fole” é o símbolo central da música, remetendo ao som da sanfona típica das festas do sertão e homenageando a tradição musical nordestina. Zeca faz referência direta a nomes como Luiz Gonzaga e João Gomes, reconhecendo a importância desses artistas para a cultura regional.

A letra mistura cenas do cotidiano rural, como “o vento que tirou meu chapéu, balançou meu cordão”, com metáforas que expressam nostalgia e celebração da cultura sertaneja. O verso “É tudo o que eu deixo pra trás sem mais não / No seco do chão” reforça a ideia de partir, deixando memórias e paisagens, mas mantendo o vínculo afetivo com o sertão. A influência de Maria Bethânia, citada por Zeca como inspiração, aparece na valorização da tradição e da emoção presentes nas interpretações caipiras, criando um clima de reencontro e homenagem familiar. Nos versos finais, como “o sertão virar mar / o mar acender em fogo então” e “é a festa da volta do rei”, a canção sugere transformação, esperança e celebração do retorno às origens, equilibrando saudade e alegria em uma narrativa de memória e renovação.