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Letra

    Reflito na rima o que eu vejo, o que eu sinto, o que eu acho
    Exerço na vida a lição aprendida com os passos
    Sem erro, sem tombo, ser dono da linha que eu traço
    Se o bolo tá grande, então vamo dividir os pedaços
    Os parceiros que sempre tiveram na luta, um abraço
    Os troxas que cercam minha vida, tem que ter cuidado
    Acabo sempre na mira por uma coisa ou outra
    Não to de toca, eu solto os dreds
    E eles num voa
    Perigo ronda mas esperto, eu ando sussegado
    Difícil vir causar o mal pra quem tá preparado
    As mãos pro alto, showzin lotado, nego embola
    Fecha as cortina, eu saio sozinho e vários nem dão bola
    Acham que é moda, mas eu faço porque é preciso
    Sei que tem vários na parada, concorda comigo?
    Porque eu não minto, eu não finjo ser o que eu não sou
    Sou o contrário que pregaram para um rimador
    Sou realista, sei que a pista precisa da gente
    Sou ativista, sei que a vila precisa da gente
    Sou masoquista, que apanha e que jamais aprende
    Sou pugilista, como Guido que nunca se rende
    Sou delinquente, marginal por herança sanguínea
    Sou dependente desse caos que a cidade cria
    A cada dia, mais policia menos professor. Humano!
    A cada dia a esquina forma mais 300 espartano.
    Andando, gingando, quebrando as regras imposta
    Quem disse que eu não podia, já perdeu a aposta

    Eu vi muitos se perderem por aqui
    Mas eu não vou
    Indo por caminhos que eu me recuso a ir
    Se for pra andar pra trás
    Então eu fico onde eu tô
    Essa é minha vida, nego

    Renovação traz medo a quem não se mantém no posto
    Revolução traz medo, vários morrem de desgosto
    Querem calar o povo, mas não vão calar minha alma
    Querem respeito a quem no esgoto encontra sua raça
    Enquanto o tempo passa, muito mais rouco eles ficam
    Quanto menos dão ouvido, muito mais é que eles gritam
    Querem atenção vai no Faustão ou na Hebe
    Deixa então que eu recebo, a rua recebe
    Vários muleque sem nome descobrindo a história
    Sem sobrenome faz apelido, vira memória
    Única glória, minha posse
    Tudo que eu tenho
    Se for pra festa ou pra guerra meu nome é o mesmo

    Antes do tempo acabar
    Eu vou tá aqui
    E mesmo se ninguém quiser
    Eu tô em pé pra reagir
    Antes do tempo acabar
    Eu vou tá aqui
    De pé pra reagir
    Depois de tudo aquilo que eu vi

    Eu vi muitos se perderem por aqui
    Mas eu não vou
    Indo por caminhos que eu me recuso a ir
    Se for pra andar pra trás
    Então eu fico onde eu to
    Essa é minha vida, nego


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