eldest child

Entre fardo e afeto em “eldest child”, de 2hollis, 2025

Diferente da postura misteriosa que costuma cercar 2hollis, “eldest child” (faixa de star, 2025) adota um arranjo acústico para expor o peso de quem sempre sustenta os outros. O orgulho projetado pelos pais em “I know your momma and your daddy so goddamn proud” (Eu sei que sua mãe e seu pai estão muito orgulhosos) contrasta com o refrão ferido “They don’t know me, no” (Eles não me conhecem, não), abrindo a brecha entre o rótulo de primogênito e a pessoa real. “Take off your jacket, stay a while” (Tira o casaco, fica um pouco) soa como pedido de respiro, enquanto “Pay the price, it goes a mile” (Paga o preço, isso vai longe) admite que o custo dessa responsabilidade se prolonga. Como observou o The Daily Texan, há honestidade e vulnerabilidade: ele caminha uma “long road” (caminho longo), está cansado e ainda pede “one more chance to smile” (mais uma chance de sorrir), tentando preservar alguma luz num trajeto que cobra caro.

Quando surgem “pretty girls and cars” (garotas bonitas e carros), o brilho vira “shimmering mirage” (miragem cintilante): promessa de pertencimento que entrega vazio — “Pretty girls, no hearts” (Garotas bonitas, sem coração). “I’m sucking my cheeks in” (Estou encolhendo as bochechas) revela a performatividade da imagem, o esforço físico de caber no molde do luxo. A gangorra entre “Tryna keep up” (Tentando acompanhar) e “Trying not to keep up” (Tentando não acompanhar) expõe o conflito entre correr junto e escapar do ritmo. “Many broken promises not to keep” (Muitas promessas feitas para não cumprir) traz o cinismo de quem já conhece o jogo. No fim, o mantra “I wish you knew” (Queria que você soubesse) condensa o desejo de ser visto além do rótulo de “eldest child”, confirmando o despojamento que a crítica destacou em star.