Quebrada de Traficante

Realidade e contradições em “Quebrada de Traficante” do 3 um Só

A música “Quebrada de Traficante”, do 3 um Só, retrata de forma direta e sem romantização a rotina do tráfico nas periferias. A letra desmonta a ideia de que o dinheiro do tráfico é fácil, mostrando que, por trás da ostentação – festas, roupas de marca e aparente glamour – existe uma vida marcada por riscos, tensão e desconfiança. O verso “Quem foi que disse que dinheiro de traficante vem fácil / Uns correm comigo outros querem meu fracasso” evidencia que o sucesso nesse meio é instável e cercado de ameaças, vindas tanto da polícia quanto de rivais e até de pessoas próximas.

O refrão reforça a imagem da “quebrada de traficante, maconha de monte”, mas contrapõe o consumo e a ostentação à presença de “paty” e “boy”, clientes de fora da favela, destacando a hipocrisia social: enquanto a elite consome, quem sofre as consequências é a periferia. A letra também menciona o papel das “mula” (quem transporta drogas), a corrupção policial (“propina nas fronteira”) e a constante vigilância (“chipe grampeado, policia federal na cola”). O tom urbano e direto da música mostra que, para muitos, o tráfico é uma escolha forçada pela falta de oportunidades, e que a vida na quebrada é feita de conquistas passageiras e perdas frequentes, como no trecho “quando a quebrada vira um sorri e outro chora”. Assim, a música oferece um retrato realista dos dilemas e desafios enfrentados por quem vive à margem, sem recorrer a julgamentos ou estereótipos fáceis.