Velarei por ti

Cuidarei de você

Velarei por ti

eram outros temposeran outros tempos
sangue e frustraçãode sangue e frustración
de sombras festejadasde sombras festexadas
de ventania e desilusão;de ventisca e desazón;
era eu druida despidoera eu druída espido
até que ouvi ela dizeraté que lle oín dicir
"vem, deita-te na cama"vén, deita-te na cama
cuidarei de você"velarei por ti"
se os caminhos intrincadosse os camiños intrincados
me fizerem voltar um diame fan un dia voltar
sempre farei por elafarei sempre por ela
o que estiver ao meu alcance;o que esté na miña man;
neste mundo afundadonun mundo margullado
e sem calor, ouvi ela dizere sen calor oín-lle dicir
"vem, deita-te na cama"vén, deita-te na cama
cuidarei de você"velarei por ti"
na beira do mar perdidona beira mar perdida
num terrível furacãonun terrível furacán
com um som encantadocun enfeitizado son
de pingos e de mãosde pingueiras e de mans
que clamam sem esperançasque recraman sen espranzas
um lar, ouvi ela dizerun fogar, oín-lle dicir
"vem, deita-te na cama"vén, deita-te na cama
cuidarei de você"velarei por ti"
virei-me de repentevolvin-me de repente
e ela estava alii ela estaba ali
brilhando entre as floresrefulxia entre as flores
no meio do jardimpolo meio do xardin
após tirar a coroatras quitar-me a coroa
das espinhas, ouvi dizerdas espiñas oín dicir
"vem, deita-te na cama"vén, deita-te na cama
cuidarei de você"velarei por ti"
mesmo ainda algumas noitestodavia algunha noite
escuto o choro de um rapazescoito o pranto dun rapaz
com um cruel arrepiocun cruel escalofrio
ouço sua agonia fetal;oio a sua agonia fetal;
que pensar da sua perguntaqué pensar da tua pregunta
que droga é isso de viver?qué hóstia é isto de vivir?
vem, deita-te na camavén, deita-te na cama
cuidarei de vocêvelarei por ti
uma grande muralha chinesaunha gran muralla china
estivemos a construirestivemos a construir
dizem coisas por supostasdin cousas por supostas
nem me achou, nem a entendinin me achou nin a entendin
quando lembro daquela noite de verãocando lembro aquel serán do vran
em que a conhecino que a coñecin
"vem, deita-te na cama"vén, deita-te na cama
cuidarei de você"velarei por ti"
piso o fio da navalhapiso o fio da navalla
mas penso em atravessarpero penso traspasar
o cristal que me separao cristal que me separa
das belezas infernais;das belezas infernais;
ai, não sei o que dariaai, non sei o que daria
para voltar a ouvir dizerpor voltar a oir dicir
"vem, deita-te na cama"vén, deita-te na cama
cuidarei de você"velarei por ti"