Dilúvio

Solidão e empatia em "Dilúvio" de A Garota Não

Em "Dilúvio", A Garota Não explora sentimentos de solidão e ruptura, usando imagens como "céu em fogo" para transmitir um estado emocional intenso e coletivo. A artista faz referência ao bairro 2 de Abril, onde cresceu, mostrando como as dificuldades e a diversidade desse ambiente influenciam a experiência de isolamento e resistência. O verso “Já nascemos de joelhos / Já dobrados pelo meio / Ensinados a querer / Só aquilo que não temos” critica a forma como as pessoas são ensinadas desde cedo a desejar o que não possuem, alimentando insatisfação e comparações constantes. Essa crítica se conecta diretamente aos desafios sociais e à multiculturalidade do bairro de origem da cantora.

O "dilúvio" funciona como uma metáfora para o acúmulo de emoções, julgamentos e barreiras que afastam as pessoas umas das outras, como fica claro em “Tenho medo destes muros / Pensamentos crus e duros / Sempre prontos a julgar”. A Garota Não também aponta como a vida acelerada, expressa em “O tempo passa tipo míssil”, faz com que as pessoas percam o que realmente importa: as conexões humanas. No final, o trecho “Que venha quem vier por bem / Mas não se trate com desdém / Quem tratou deste lugar” é um apelo à empatia e ao respeito por quem construiu a comunidade, reforçando a importância de valorizar as raízes e as histórias compartilhadas. A música convida à reflexão sobre o julgamento, a solidão e a necessidade de reconstruir laços em meio ao caos social e emocional.