Pobres Corações Infelizes

Manipulação e crítica social em “Pobres Corações Infelizes”

“Pobres Corações Infelizes”, interpretada por Úrsula em A Pequena Sereia, é marcada por uma ironia evidente: a vilã se apresenta como uma salvadora dos “infelizes seres do mar”, enquanto manipula Ariel para atingir seus próprios objetivos. A música gira em torno de uma barganha desigual, inspirada no mito de Fausto, em que Úrsula promete realizar o desejo de Ariel em troca de algo valioso — sua voz. Esse desequilíbrio fica claro quando Úrsula afirma: “Eu não cobro muito / Vai lhe custar uma ninharia / Não vai sentir falta / O que eu quero de você é sua voz”, minimizando o sacrifício de Ariel e escondendo suas verdadeiras intenções sob uma aparência de generosidade e empatia falsa.

Outro ponto importante da canção é o uso de argumentos misóginos, que refletem discussões sobre o papel da mulher e o silenciamento feminino. Úrsula declara: “O homem abomina tagarelas / Garota caladinha ele adora”, sugerindo que o silêncio e a submissão são qualidades desejadas para conquistar um homem. Esse trecho foi alvo de críticas e revisões em adaptações recentes, para evitar que jovens interpretem que não devem se expressar. Assim, a música utiliza sarcasmo e manipulação para destacar tanto a vilania de Úrsula quanto críticas sociais sobre gênero e poder, tornando-se um dos momentos mais complexos e marcantes do filme.