Rap Legítimo

Realidade e resistência social em "Rap Legítimo" do A286

Em "Rap Legítimo", o A286 utiliza o próprio título para afirmar a autenticidade de sua mensagem e desafiar a forma superficial com que a mídia retrata a periferia. O grupo reforça sua vivência real e denuncia a desigualdade social, como no verso “Porque sua instrução só foi o gibi da Magali”, que evidencia a precariedade educacional enfrentada por muitos jovens das favelas. Essa crítica se conecta ao histórico do A286 de expor a manipulação midiática e a romantização da vida nas comunidades, algo que já abordaram ao criticar novelas como "I Love Paraisópolis".

A letra apresenta de forma direta a rotina de violência, abandono e falta de perspectivas, como em “Sobrevivente da guerra, do morro, do esgoto, do mofo”. O grupo denuncia o ciclo de exclusão social que transforma jovens em “futuros soldados da nação, não, dos morros do estado”, mostrando que, para quem “nasceu no inferno”, sobreviver é um ato de resistência. O refrão destaca o compromisso do A286 em dar voz aos “favelado injustiçado, inocentes condenados”, reafirmando sua missão de denúncia social. Ao dizer “nunca vi minha vida numa novela”, o grupo rejeita as narrativas fantasiosas e evidencia a distância entre a realidade da periferia e sua representação nos grandes meios de comunicação. Assim, "Rap Legítimo" se consolida como um manifesto de resistência, autenticidade e denúncia, reafirmando o papel do rap como ferramenta de conscientização e transformação social.