We Cut The Night

Amor e efemeridade em “We Cut The Night” de Aaron

Em “We Cut The Night”, da banda Aaron, o amor é retratado de forma intensa e existencialista. A metáfora “random bullets, love / Shot by some drunken God” (“balas perdidas, amor / disparadas por algum deus bêbado”) mostra os amantes como forças poderosas, mas guiadas pelo acaso, sem controle sobre o próprio destino. A ideia de um “deus embriagado” reforça a ausência de propósito ou direção, sugerindo que o relacionamento é marcado pela intensidade do momento, mas também pela falta de sentido maior.

O cenário noturno e invernal, descrito em “red lights and thick frost” (“luzes vermelhas e forte geada”) e na estrada comparada a uma “snake skin, glittering and bald” (“pele de cobra, brilhante e nua”), transmite uma sensação de transitoriedade e vulnerabilidade. O casal viaja junto, consciente de que a felicidade é passageira e que o amanhecer trará o fim desse refúgio: “Soon the Sun will rise up and sew us in its dreams / Forgetting that we're sailors, without wind in our sails” (“Logo o sol vai nascer e nos costurar em seus sonhos / Esquecendo que somos marinheiros, sem vento em nossas velas”). O desejo de eternizar o momento aparece em “Printing every hour in polaroids of mine” (“Imprimindo cada hora em minhas polaroids”). O refrão “The world is not ours / But faster than the rain / We cut the night” (“O mundo não é nosso / Mas mais rápido que a chuva / Nós cortamos a noite”) reforça a ideia de viver intensamente, mesmo sem domínio sobre o mundo. No final, a única culpa que carregam é a de “growing old” (“envelhecer”), aceitando a passagem do tempo e as mudanças inevitáveis.