Paranauê

A ancestralidade e resistência presentes em “Paranauê”

A música “Paranauê”, interpretada por Abadá Capoeira, vai além de um simples refrão marcante. A repetição de “Paranauê, paranauê, paraná” tem raízes profundas na cultura afro-brasileira. O termo “paranauê” vem do tupi: “paraná” significa “semelhante ao mar” e “auê” é uma saudação. Essa combinação faz referência à grandiosidade dos rios, simbolizando força, liberdade e a capacidade de adaptação dos capoeiristas. Assim, a música conecta a fluidez das águas ao movimento contínuo e à flexibilidade, características essenciais tanto na luta quanto na expressão cultural da capoeira.

Os versos “Foge o nêgo sinhá” e “Traz o nêgo sinhá” remetem diretamente à história da escravidão no Brasil. Eles evocam a fuga dos escravizados e a busca constante por liberdade, temas centrais na formação da capoeira como símbolo de resistência. A alternância entre fugir e trazer reflete o ciclo de luta e esperança vivido por essas pessoas, além de dialogar com a dinâmica das rodas de capoeira, marcadas por avanços e recuos. O tom repetitivo e tradicional da canção reforça o sentimento de coletividade e mantém viva a memória histórica, transformando “Paranauê” em um verdadeiro hino de celebração da cultura afro-brasileira e da superação das adversidades.