Luz de Candeiro

Resistência e ancestralidade em “Luz de Candeiro”

Em “Luz de Candeiro”, do grupo Abadá Capoeira, a escolha do candeeiro e da luz da lua cheia como símbolos centrais vai além da iluminação física em festas e rituais. O candeeiro, comum em ambientes rurais e quilombolas, representa a persistência da cultura afro-brasileira e a conexão com a ancestralidade, mesmo diante das dificuldades. Quando a letra pede “Iaiá, acende o candieiro”, convoca uma figura feminina a manter viva essa chama, destacando o papel coletivo e familiar na preservação das tradições.

A música faz referência direta ao “quilombo dos palmares” e ao “capitão do mato”, situando-se no contexto histórico da luta dos escravizados pela liberdade. Ao citar “quem paga o pato é o capitão do mato / na luta do bem contra o mal”, a canção inverte a lógica da opressão, mostrando os opressores como derrotados na roda da capoeira. Elementos do samba duro e do maculelê aparecem em versos como “balança na barra da saia” e “abre a roda que agora o pau vai comer”, ressaltando a energia dos festejos, a dança e a ginga como formas de resistência cultural. Assim, “Luz de Candeiro” transmite uma mensagem de orgulho, ancestralidade e união, celebrando a força coletiva que mantém viva a chama da liberdade e da cultura afro-brasileira.