Hylander (part. Somynem.grin)

Confronto e autenticidade em "Hylander (part. Somynem.grin)"

"Hylander (part. Somynem.grin)", de Abbot com participação de Somynem.grin, critica de forma direta e irônica a postura de rappers que fingem ter uma vivência de rua e ostentam riqueza sem terem passado pelas dificuldades reais desse ambiente. A figura de Hylander, um personagem fictício, representa esses artistas considerados "comédia" – ou seja, falsos e posers – que exibem joias, roupas de grife como "bag da Louis Vuitton" e "peita da VLONE", e buscam o "hype" sem autenticidade. A letra deixa claro o desprezo por esse comportamento ao afirmar que Hylander nunca sofreu de verdade e que tudo o que possui foi bancado pelo pai, desmontando sua imagem de "gangster".

A música também aborda a cobrança por postura verdadeira no rap, um tema frequente na obra de Abbot. Ao dizer "não sou CV, mas já fui do movimento", o artista se distancia de facções criminosas, mas reforça sua experiência real nas ruas, em contraste com Hylander, que "chamou cana" (polícia) e "bota nome de Comando Vermelho, só que você fecha com cana" – ou seja, usa símbolos do crime, mas não sustenta a atitude. O tom provocativo é reforçado por ataques pessoais e pelo convite para que Hylander faça uma "diss" (música de resposta), mostrando que Abbot e seu grupo estão prontos para o confronto lírico. No fim, a faixa se firma como um manifesto de autenticidade e um recado para quem tenta se apropriar de uma vivência que não é sua, usando humor ácido e a linguagem das ruas para marcar posição no rap brasileiro.