The Jack (Live)

Bon Scott provoca o estádio em “The Jack (Live)” ao vivo

O refrão “She’s got the jack” (Ela tem gonorreia) não fala de cartas: em gíria australiana, “the jack” é gonorreia. Por trás do coro de bar, a letra trata de sexo casual e DST, usando metáforas para driblar censura. Isso aparece em “She told me she was a virgin / She was number nine, ninety-nine on the clinical list” (Ela me disse que era virgem / Era a número nove, noventa e nove na lista da clínica), que aponta para consulta médica e infecção, e em imagens cruas como “I curdled her cream” (Eu coalhei o creme dela). A narrativa segue o sujeito que cai no papo de uma mulher “sedutora e manipuladora”, na leitura clássica do AC/DC, percebendo depois que “she gave it to anybody” (ela dava para qualquer um) — e o “prêmio” era justamente “the jack”. A inspiração veio de uma carta que Malcolm Young recebeu, acusando-o de transmitir uma DST; a banda então envolveu tudo em linguagem de baralho para manter o duplo sentido sem ser barrada.

Na versão ao vivo de “The Jack (Live)”, Bon Scott transforma o tema em provocação de estádio: o chamado e resposta de “Let me hear you say / She’s got the jack” (Deixa eu ouvir vocês dizerem / Ela tem gonorreia) e a repetição “jack, jack, jack...” (gonorreia, gonorreia, gonorreia...) inflamam o público enquanto o assunto sujo fica subentendido. A graça é a plateia entoar uma gíria para DST como grito de triunfo, enquanto Scott saboreia o trocadilho. No estúdio, surgem mais cartas (rei, rainha, ás); ao vivo, o slogan basta para a malícia funcionar — com risada, swagger e um recado velado sobre as consequências de noites “altas” demais.