Samba-Enredo 2024 - Catopês — Um Céu de Fitas

Resistência e fé em “Samba-Enredo 2024 - Catopês — Um Céu de Fitas”

"Samba-Enredo 2024 - Catopês — Um Céu de Fitas", da Acadêmicos de Niterói, destaca a importância das Festas de Agosto em Montes Claros como um símbolo de resistência cultural e religiosa. A música valoriza os Catopês, grupo tradicional que representa a herança africana e a superação da escravidão. O trecho “Brada seu vissungo / Africano chão fecundo / Que o escravo ganhou mundo / Pra louvar seus ancestrais” mostra como os descendentes de africanos mantiveram vivas suas tradições, mesmo diante da opressão histórica.

A letra faz referência direta aos elementos centrais das Festas de Agosto, como os grupos Catopês, Marujadas e Caboclinhos, evidenciados em versos como “caboclo e marujada” e “negrura enfeitada”, que remetem às vestimentas coloridas e simbólicas desses cortejos. Ao dizer “Bota preto Benedito no altar / Que não tem mais capiongo não”, o samba celebra a valorização dos santos negros e a superação dos grilhões da escravidão, enquanto “Reina o Congo sem calvário / Para a virgem do Rosário” reforça a devoção à Nossa Senhora do Rosário, figura central nas festividades. A música também denuncia a intolerância religiosa, como em “Mestre Zanza pra provar que a Intolerância / Não merece o meu cantar”, mostrando que o samba-enredo é um espaço de afirmação e respeito à diversidade de fé.

Por fim, a Acadêmicos de Niterói aproxima a tradição mineira do público carioca ao afirmar “Niterói em louvação / Faz a manifestação / Ganha a rua o som do preto / Vem trazer a batucada”. O samba-enredo homenageia a riqueza cultural das Festas de Agosto e ressalta a importância da memória, da fé e da resistência dos povos afro-brasileiros, indígenas e luso-espanhóis, representados nos cortejos e nas cores vibrantes do “céu de fita”.