Samba-Enredo 2024 - Nosso Destino É Ser Onça

A ancestralidade e resistência em “Samba-Enredo 2024 - Nosso Destino É Ser Onça”

Em “Samba-Enredo 2024 - Nosso Destino É Ser Onça”, o G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio (RJ) escolhe a onça como símbolo central para destacar a ancestralidade indígena e a força da resistência cultural. Inspirada no livro de Alberto Mussa e no mito tupinambá da criação do mundo, a letra transforma a onça em um arquétipo complexo: ela é apresentada como “homem-fera, é brilho celeste”, representando tanto o poder destrutivo quanto a capacidade de renovação e encantamento. O verso “devora e se veste de constelação” faz referência à cosmovisão indígena, na qual a onça transita entre o mundo terreno e o espiritual, reforçando seu papel como guardiã e criadora.

A valorização das culturas indígenas aparece nas menções a diferentes etnias e rituais, como “Yawalapiti, pankararu, apinajé / O ritual araweté, a flecha de kamaiurá”, celebrando a diversidade dos povos originários. A onça, descrita como “preta, parda, é pintada, feita a mão”, simboliza a pluralidade de identidades e a miscigenação, sendo apresentada como mãe e pai, reforçando seu papel de origem e proteção. O samba também destaca a resistência cultural ao afirmar “onde a arte é resistência, sou Caxias, bicho-fera”, conectando a luta indígena à história da escola e do carnaval como espaços de afirmação e liberdade. O refrão “Werám werá auê, naurú werá auê / A aldeia Grande Rio ganha a rua” transforma o desfile em um ritual de celebração e resistência, com a onça guiando o destino coletivo e evocando esperança e continuidade.