Samba-Enredo 2025 - Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós

Mitologia e resistência amazônica em “Samba-Enredo 2025 - Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós”

O samba-enredo “Samba-Enredo 2025 - Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós”, da G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio (RJ), destaca-se pela fusão entre a lenda das três princesas turcas e elementos míticos da Amazônia. A letra faz referência à travessia de Jarina, Mariana e Herondina, princesas que, segundo a tradição, se transformam em caboclas encantadas após uma tempestade. Elas se tornam entidades cultuadas em terreiros de Tambor de Mina e pajelança cabocla, como mostram os versos: “A mesma Lua da Turquia / Na travessia foi encantada” e “Chama Jarina, Herondina e Mariana / Grande Rio firma o samba no Tambor de Mina”. Esses trechos conectam a origem estrangeira das princesas ao sincretismo religioso e à força das religiões afro-indígenas do Pará.

A letra também celebra símbolos marcantes da cultura paraense e amazônica, como a pororoca, o carimbó, o curimbó (tambor típico), e entidades como Caruana, Boto, Mãe d'Água e Boiúna. O verso “Pororoca me leva / Pro fundo do igarapé” evoca o mistério das águas amazônicas, enquanto “Se a Boiúna se agita, é banzeiro, banzeiro” faz referência à serpente mítica dos rios. Elementos como “quatro contas, um cocar”, “Salve, Arara Cantadeira / Borboleta à Espreita / E a Onça do Grão-Pará” reforçam a valorização da fauna, da ancestralidade indígena e da espiritualidade local. O samba ainda homenageia práticas religiosas e culturais do Pará, como o babaçuê, a macaia codoense e o carimbó, além de citar a canção “Quatro Contas” de Dona Onete. Ao afirmar “É força de caboclo, vodum e orixá / Meu povo faz a curva como faz na gira”, a música ressalta o sincretismo e a resistência das tradições afro-indígenas, celebrando a identidade amazônica em uma narrativa de encantamento e força cultural.