Samba-Enredo 2026 - A Nação do Mangue

Ressignificação da lama em “Samba-Enredo 2026 - A Nação do Mangue”

"Samba-Enredo 2026 - A Nação do Mangue", do G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio (RJ), transforma a lama dos manguezais, tradicionalmente vista como símbolo de exclusão, em fonte de orgulho, criatividade e resistência. A letra destaca a origem periférica dos artistas ao afirmar: “Eu sou do mangue, filho da periferia / Sobre uma palafita, Grande Rio anunciou”, mostrando como a adversidade pode ser convertida em arte e identidade. O samba-enredo faz referência direta ao movimento Manguebeat, que misturou maracatu, rock e hip-hop para denunciar desigualdades sociais e ambientais, e valoriza elementos culturais como a “casa de gueto”, o “carangueiro da beira do igarapé” e instrumentos típicos como alfaias, ganzá e gonguê, criando uma atmosfera sonora e visual ligada ao mangue.

A música também reforça a luta e a consciência social ao citar figuras como Zumbi, símbolo da resistência negra, e Chico Science, um dos criadores do Manguebeat. O verso “Freire, ensine um país analfabeto / Que não entendeu o manifesto / Da consciência social” faz referência ao educador Paulo Freire, sugerindo que a transformação social depende da educação e da valorização da cultura popular. Ao unir referências do Rio de Janeiro (Gramacho) e de Recife (Capibaribe), a letra propõe um encontro simbólico entre diferentes periferias e culturas, celebrando a força coletiva que nasce da lama e se transforma em festa e resistência no carnaval.