Samba-Enredo 2026 - Anti-Herói Brasil

Resistência e identidade em “Samba-Enredo 2026 - Anti-Herói Brasil”

O samba-enredo “Samba-Enredo 2026 - Anti-Herói Brasil”, da G.R.C.S.E.S Acadêmicos do Tucuruvi, destaca a figura do anti-herói brasileiro como símbolo de resistência e transgressão. Logo na abertura, a invocação de Exu, orixá das encruzilhadas, representa a mistura de opostos e a quebra de normas, temas centrais do enredo. Expressões como “o sopro da encruza” e “o doce veneno que cura” reforçam a ambiguidade do personagem principal, que sobrevive graças à malandragem e à força popular. A saudação “Laroyê! Mojubá! Adakê, igba ketá!” conecta a narrativa à ancestralidade africana e à espiritualidade dos marginalizados, enquanto versos como “a voz que se tenta calar” e “o povo das ruas a desafiar” evidenciam a luta contra a opressão e a invisibilidade social.

A letra também universaliza a experiência do povo comum ao citar “Zé” e “Maria”, figuras que representam a população marginalizada que encontra no samba e no carnaval formas de resistência e afirmação. O trecho “Meu corpo é página viva / De rimas e gingas, é literatura” valoriza o cotidiano como fonte legítima de cultura, em oposição à “indústria” que apaga histórias populares. O samba exalta o “jeitinho brasileiro de sobreviver” como estratégia de resistência e, ao afirmar “O herói que há em mim e em você”, rompe com a ideia tradicional de heroísmo, celebrando os anti-heróis do dia a dia. O refrão final, “A jornada é imperfeita / O caminho é o coração / Justiça seja feita à nossa emoção!”, reforça o orgulho das raízes do samba e a importância da emoção e da imperfeição na luta coletiva. Ao celebrar os 50 anos da escola e mencionar o rebaixamento em 2025, a letra transforma a adversidade em força para o retorno e a renovação do orgulho comunitário.