Don't Turn Around

“Don't Turn Around” e a máscara de força no adeus do amor

O refrão transforma o fim em contenção: quem canta mantém a pose e impede o outro de ver o colapso — "Don't turn around, 'cause you're gonna see my heart breaking" (Não se vire, porque você vai ver meu coração se partindo). A batida pop–reggae da versão do Ace Of Base, gravada no Tuff Studios, dá leveza e enfatiza a contradição entre a promessa de firmeza — "I'm gonna be strong / I will survive" (Vou ser forte / Vou sobreviver) — e a dor escondida. No rap, Ulf Ekberg sugere que a saída também machuca quem vai: "People in your life they don't know what's going on" (As pessoas na sua vida não sabem o que está acontecendo).

A letra contrapõe dignidade e desejo. De um lado, a decisão de não implorar — "If you wanna leave, I won't beg you to stay" (Se você quiser ir embora, não vou implorar para você ficar) — e de blindar a própria imagem — "I won't let you know" (Não vou deixar você saber). De outro, a vontade reprimida: "I wish I could scream out loud that I love you" (Queria poder gritar bem alto que eu te amo). O pedido "Don't turn around" (Não se vire) atua no literal e no simbólico: não ser visto chorando e não olhar para trás para evitar feridas e falsas esperanças — ecoado em "Too proud to turn around, he's gone" (Orgulhoso demais para voltar, ele se foi). Ao converter a composição de Albert Hammond e Diane Warren — lançada por Tina Turner como lado B — em single ensolarado, com clipe em Coconut Grove e no farol de Key Biscayne, o Ace Of Base tornou esse adeus um gesto público de seguir em frente, enquanto a tristeza fica em privado.