Jezebel

Violência e decadência em "Jezebel" do Acid Bath

"Jezebel", do Acid Bath, explora de forma direta e perturbadora a degradação física e emocional de um relacionamento marcado por violência, vício e apatia. A letra utiliza imagens fortes, como "queimaduras de corda vermelha" e "seringas sujas", para conectar o ouvinte ao universo do BDSM e do vício em drogas, especialmente heroína, evidenciado em "Seu sangue está frio do beijo da heroína". A personagem Jezebel, tradicionalmente ligada à luxúria e à ruína, é retratada como uma mulher destruída, com "coração morto" e envolta em sofrimento. O narrador demonstra fascínio e sadismo, já sugeridos na abertura impactante: "Se eu apagasse esse cigarro em você, você me amaria?".

A música também faz uma crítica social, ampliando o olhar para além do relacionamento. Versos como "vidro quebrado e seringas sujas, erosão da alma, verdade" e "Deus elétrico, nosso super-homem encontrado morto numa cabine telefônica" reforçam o niilismo suburbano e a sensação de abandono, mostrando que até figuras de salvação estão ausentes ou destruídas. O refrão "Está tudo bem" é repetido de forma irônica, funcionando como um mantra de resignação diante do caos e da dor, enquanto a violência e a autodestruição se tornam parte do cotidiano. O encerramento com "Bitch, fuck" intensifica o desespero e a desumanização, fechando a música em um ciclo de abuso e vazio emocional. "Jezebel" se destaca como um retrato sombrio da decadência pessoal e social, onde prazer, dor e morte se misturam de forma inescapável.