Soli

Intimidade e refúgio a dois em “Soli” de Adriano Celentano

Em “Soli”, Adriano Celentano explora a ideia de isolamento não como solidão, mas como um espaço de refúgio compartilhado pelo casal. O verso “Il mondo l'abbiam chiuso fuori con il suo casino” (“Fechamos o mundo lá fora com toda a sua confusão”) mostra a decisão consciente de se afastar do caos externo para valorizar a conexão íntima. Pequenos gestos cotidianos, como dividir um sanduíche ou deixar migalhas na cama, reforçam essa busca por simplicidade e autenticidade na relação. A atitude de desligar o telefone e dar um “calcio alla tivu'” (“chutar a TV”) simboliza o rompimento com distrações e pressões sociais, priorizando o tempo juntos, mesmo que isso envolva mentir para os outros ou se isolar fisicamente.

A música adota um tom intimista, evidenciado em detalhes como “la pelle come un vestito” (“a pele como uma roupa”) e “lasciando la luce accesa” (“deixando a luz acesa”), que sugerem vulnerabilidade e entrega. Lançada em 1979, “Soli” dialoga com um contexto de mudanças sociais e urbanas na Itália, quando muitos buscavam sentido e aconchego em meio à agitação. Assim, a canção transforma o ato de estar a sós em uma forma de resistência afetiva, onde a cumplicidade e o acolhimento do casal se tornam uma resposta ao vazio e à superficialidade do mundo exterior.