Rag Doll

Desejo e rebeldia feminina em "Rag Doll" do Aerosmith

Em "Rag Doll", o Aerosmith retrata uma mulher comparada a uma boneca de pano, o que sugere vulnerabilidade e flexibilidade diante das situações. No entanto, a letra rapidamente quebra essa expectativa ao mostrar uma personagem cheia de atitude, que vive intensamente e não se prende a regras. Isso fica claro em versos como “living in a movie, hot tramp, Daddy's little cutie” (vivendo em um filme, garota ousada, a queridinha do papai), onde a mulher é apresentada como livre, desinibida e desafiadora das normas sociais. A ideia de independência aparece também quando ela “leaves by the back door” (sai pela porta dos fundos), mostrando que não se importa com julgamentos e prefere seguir seu próprio caminho.

A música utiliza duplos sentidos e metáforas para falar de desejo e rebeldia. Trechos como “baby won't you do me like you done before” (querida, não vai fazer comigo como já fez antes?) e “I'm rippin' up a rag doll like throwin' away an old toy” (estou rasgando uma boneca de pano como quem joga fora um brinquedo velho) misturam insinuações sexuais com a ideia de viver o momento, sem apego. O narrador se sente atraído por essa energia, mas também percebe o risco e a efemeridade desse estilo de vida, como em “tap dancing on a land mine” (sapateando em uma mina terrestre) e “do it till you're dizzy, give it all you got until you're put out of your misery” (faça até ficar tonta, dê tudo de si até acabar com seu sofrimento). O clima animado da música, reforçado pelo groove e pelos metais, traduz essa mistura de diversão, perigo e liberdade, refletindo o espírito ousado do Aerosmith nos anos 80.