Marrom Cacau

Afirmação e orgulho racial em “Marrom Cacau” de Afreekassia

Em “Marrom Cacau”, Afreekassia utiliza a expressão do título para valorizar a identidade negra, associando a cor da pele ao cacau, um símbolo de riqueza e autenticidade. Ao dizer “Pele marrom cacau, cor única, original / O que pagam pra ter, em mim é tudo natural”, a artista destaca o orgulho de ser uma mulher negra e reforça a ideia de que sua beleza é natural, não resultado de padrões impostos. Essa valorização da própria aparência está ligada ao empoderamento e à autoestima, temas presentes na trajetória de Afreekassia e em sua pesquisa sobre a cultura afro-diaspórica.

A letra também traz uma postura firme diante de relacionamentos e desafios do dia a dia. Logo no início, Afreekassia estabelece limites: “Não me procura, não manda mensagem / Vive a sua vida que eu vivo a minha, tá bom?”. Ela reafirma sua independência pessoal e profissional em versos como “Minha carreira é solo, homem não pode ser problema / Nem botou anel no dedo e já quer me botar coleira”. O trecho “Cê conhece as nega doce, te apresento eu sou o aço” mostra que, além de doçura, há força e resistência. Referências à ancestralidade, como “O jeito que eu me movo, é sabedoria ancestral”, conectam sua identidade individual à coletividade negra, celebrando raízes e conquistas.

Por fim, Afreekassia retrata o cotidiano de uma mulher negra jovem, ambiciosa e resiliente, que enfrenta pressões sociais, racismo e machismo, mas mantém a leveza e o foco em seus objetivos. O desejo de autonomia financeira e liberdade aparece em versos como “Quero sentir o peso de ser jovem milionária / Quero viajar sozinha, quero conhecer Jamaica / Minha prioridade é ter a minha própria casa”. Assim, “Marrom Cacau” se destaca como um manifesto de autoafirmação, orgulho racial e celebração da força feminina negra.