Sônia (part. Xamã)

A Profundidade de 'Sônia': Amor, Desilusões e Autodescoberta

A música 'Sônia', de Agnes Nunes com a participação de Xamã, é uma obra rica em metáforas e reflexões sobre o amor, a vida e a autodescoberta. A letra começa com uma analogia ao jogo de pôquer, onde o amor é comparado a uma aposta arriscada. A menção ao blefe sugere que, muitas vezes, as pessoas escondem seus verdadeiros sentimentos, temendo a vulnerabilidade. A cena em que o eu-lírico quase confessa seu amor, mas se distrai com um quadro de Monet, ilustra a dificuldade de expressar emoções genuínas e a tendência de buscar refúgio em distrações superficiais.

A figura de Sônia é central na música, representando uma mulher forte e independente, mas também solitária e desiludida. A descrição de Sônia como 'Rainha, Amazona, filha de Deus e de Maria' evoca uma imagem poderosa e divina, enquanto 'moleca descalça correndo pela avenida sozinha' traz à tona sua vulnerabilidade e busca por liberdade. A letra sugere que o amor, apesar de suas dores, é uma força transformadora que ensina e molda o caráter. A referência ao signo de escorpião, conhecido por sua intensidade e perspicácia, adiciona uma camada de complexidade à personagem de Sônia.

A música também aborda a questão da autenticidade e da autoaceitação. O eu-lírico se recusa a ser lido como um poema, uma obra a ser interpretada, e pede para ser tratado como um ser humano com suas próprias nuances e contradições. A repetição do refrão 'Não me chame pro samba, porque eu não sei sambar' simboliza a rejeição de expectativas sociais e a busca por um caminho próprio. A música termina com uma nota de resignação e aceitação, onde o eu-lírico decide seguir seu próprio ritmo, mesmo que isso signifique se afastar das convenções sociais.