Acorde

Reflexão sobre autenticidade e crise em “Acorde”

A música “Acorde”, de AJULIACOSTA, se destaca pela abordagem direta e sem rodeios sobre a sensação de desorientação diante das expectativas sociais e do próprio sentido da vida. Logo no início, o verso “que porra que eu tô fazendo da minha vida, tá ligado?” expõe uma crise existencial, servindo como ponto de partida para discutir autenticidade, propósito e a importância de questionar padrões. Quando a artista menciona “novo testamento”, não faz referência à religião, mas sim a um novo ciclo pessoal, em que velhos hábitos e valores são confrontados e nada mais é escondido ou ignorado.

O comando repetido “Acorde” funciona como um chamado urgente para sair do piloto automático, tanto para a própria artista quanto para o ouvinte. AJULIACOSTA critica a superficialidade das rotinas e o vazio das ações cotidianas, como mostra o trecho “Vejo eles fazendo o que parece até bacana / Mas no final de tudo é só um vazio enorme”. Ela também questiona o que é arte, sugerindo que sua música serve para provocar e desafiar quem prefere não enxergar certas verdades. O verso “O mar não tá pra peixe e o mercado não é pra fraco” traz uma visão realista sobre o cenário artístico e social, onde só sobrevive quem resiste e questiona. No final, a artista se apresenta como jovem, rebelde e insatisfeita, reforçando que o questionamento é essencial para buscar mais significado e consciência. O pedido “quem morrer por último por favor, grite Acorde” resume o desejo de um despertar coletivo, de não aceitar a vida como ela é imposta.