Não Foi do Nada

Resistência e autoafirmação em "Não Foi do Nada"

"Não Foi do Nada", de Ajuliacosta, aborda de forma direta a raiva e a indignação diante de uma traição, especialmente quando a protagonista é chamada pelo nome de outra mulher. Esse detalhe serve como gatilho para uma reação intensa, evidenciada nos versos: “Eu vou no trampo dele e vou quebrar a moto / Eu vou dar motivo pra me chamar de louca”. Aqui, Ajuliacosta transforma o estigma de "louca" em uma resposta ativa, mostrando que sua reação é consequência de repetidos desrespeitos, e não um exagero sem motivo.

O refrão “Se pra você sou ruim, agora eu sou mesmo / Se pra você sou puta, agora eu sou mesmo” revela uma postura de enfrentamento e ressignificação dos rótulos negativos impostos pelo parceiro e pela sociedade. Ajuliacosta, que valoriza a força e autenticidade da mulher negra, usa a música como desabafo e ferramenta de autoestima, recusando o papel de "santa" ou submissa: “Eu nunca escondi nenhum dos meus defeitos / Eu não te prometi ser santa, ficar em casa, sumir das ruas”. O contexto da artista, que busca empoderar mulheres por meio de suas letras e da moda, reforça essa mensagem de autonomia e orgulho.

A repetição da ameaça de quebrar a moto do parceiro e a ironia ao dizer que vai “encher sua boca de motivo certo” funcionam como metáforas para a necessidade de ser ouvida e respeitada. Ao final, a música deixa claro que a protagonista não aceita ser responsabilizada sozinha pelo fim do relacionamento: “Eu tô indo embora e a culpa é sua”. "Não Foi do Nada" se destaca como um hino de resistência, mostrando que toda reação tem uma origem e que a mulher não deve ser silenciada diante de traições e julgamentos.