O que a Julia vai ser?

Ironia e resistência em "O que a Julia vai ser?" de AJULIACOSTA

Em "O que a Julia vai ser?", AJULIACOSTA utiliza a ironia para questionar as expectativas do mercado musical e a pressão para seguir fórmulas prontas. Logo no início, ela deixa claro seu cansaço com padrões repetitivos ao afirmar: “Eu podia seguir a minha vida cantando as mesmas merdas de sempre, mas eu tô cansada”. A artista faz provocações diretas sobre o que esperam dela, especialmente como mulher negra, ao perguntar se deveria “fazer vídeozinho e estourar numa trend” ou “fazer um someia-boca e depois divulgar tigrinho”. Essas referências criticam a busca por viralização fácil e a promoção de jogos de azar, práticas comuns e polêmicas no cenário musical atual.

O refrão “O que a Júlia quer? O que a Julia vai ser? Muda a vida, muda tudo, mas não muda a minha sede” mostra que, apesar das mudanças externas e das cobranças sociais, AJULIACOSTA mantém sua essência e inquietação. Ela destaca sua consciência social e recusa em se render à fama fácil, como reforça ao dizer “eu tenho uma coisa, consciência social”. A música mistura um tom questionador com crítica social, abordando temas como racismo estrutural (“eu não sou branca”) e a superficialidade das tendências. Ao finalizar com “Assina aqui agora o meu Novo Testamento”, AJULIACOSTA reivindica sua própria história, recusando rótulos e reafirmando sua autonomia e coragem diante das expectativas impostas.