Planetário

A Espera Cósmica e a Realidade Urbana em 'Planetário' de Alceu Valença

A música 'Planetário' de Alceu Valença é uma obra rica em metáforas e simbolismos, que explora a espera e a ausência em um contexto urbano e cósmico. A letra começa com o eu lírico esperando por seu amor no planetário, um lugar que simboliza o universo e a vastidão do espaço. A espera é marcada pela ida da amada ao analista, o que pode sugerir uma busca por autoconhecimento ou resolução de conflitos internos. Essa espera se torna uma metáfora para a distância emocional e temporal entre os dois.

O uso de elementos astronômicos como 'mil estrelas', 'Cruzeiro do Sul' e 'super-novela' reforça a ideia de que o tempo e o espaço são vastos e, muitas vezes, intransponíveis. A referência à 'super-novela' pode ser uma crítica à superficialidade e à distração proporcionada pela mídia, que contrasta com a profundidade da experiência humana e emocional. A letra também menciona 'ruídos dos carros', 'moral', 'ciência' e 'psico-neuro-violência', elementos que representam a complexidade e a opressão da vida moderna.

A música questiona a realidade com a frase 'essa lua é de gesso ou isopor?', sugerindo uma desconfiança sobre o que é real e o que é artificial. A menção a Heloísa, que não viu uma estrela cair, e a ursa menor que apagou, adiciona um tom de melancolia e perda. O som imaginário que toma o planetário pode ser interpretado como a invasão de pensamentos e sentimentos que preenchem o vazio deixado pela ausência do amor. 'Planetário' é, portanto, uma reflexão poética sobre a espera, a ausência e a complexidade da vida moderna, utilizando o cosmos como metáfora para os sentimentos humanos.