Gatuno (part. Sazack)

Marginalidade e resistência em "Gatuno (part. Sazack)"

"Gatuno (part. Sazack)", de Alec' (BR), aborda a construção da identidade a partir da marginalidade e da resistência frente a um sistema opressor. O termo "gatuno" faz referência tanto ao ladrão quanto àquele que age de forma furtiva e atenta, sugerindo uma vida marcada pela vigilância constante e pela necessidade de adaptação. Isso se reflete no verso “Eles acham que eu sou presa, mas sou olhos de gatuno”, em que o personagem rejeita o papel de vítima e assume uma postura de astúcia e sobrevivência. Alec também explora conflitos internos e a busca por identidade, como mostra o questionamento “Como eu corro de mim?”, que revela a luta do personagem com seus próprios medos e escolhas.

A letra expõe ainda a dureza da vida nas ruas e a sensação de injustiça social. No trecho “E a notificação chegou / É os federal batendo no portão / E querem confiscar minha casa / Sendo que, no fundo, na real eu não fiz nada / Eles armaram uma cilada”, Alec retrata a perseguição policial e a criminalização de quem vive à margem, mesmo sem culpa comprovada. A expressão “levo o medo na mochila” simboliza o peso constante da insegurança, enquanto “vivendo ela vadiando é tão mais fácil pra mim” sugere que, diante das adversidades, o personagem encontra liberdade e autenticidade ao viver à sua maneira, mesmo que isso desafie normas sociais. Por fim, “Eu vejo e leio minha vida como páginas / De um livro que conta a história de mágoas e lástimas” destaca a autorreflexão e o desejo de compartilhar o fardo emocional, mostrando que, apesar das perdas, há aprendizado e vontade de dividir as experiências com quem se importa.