PASSADO DE UM VILÃO

Realidade e resistência em "PASSADO DE UM VILÃO" de Alee (BR)

"PASSADO DE UM VILÃO", de Alee (BR), retrata de forma direta como a ausência paterna e a necessidade de sobrevivência em ambientes hostis marcam a vida de quem cresce nas periferias urbanas. Logo no início, o verso “Minha mãe foi mãe e pai / Por isso, dói demais ver o único homem da casa indo embora” mostra o impacto da responsabilidade precoce e da dor causada pela ausência do pai, elementos que moldam a trajetória do artista. Ao dizer “deixei de lado a bola, o nego odiava a escola / Me juntei com a gang, fui atrás do sonho”, Alee expõe a realidade de muitos jovens que, sem apoio e oportunidades, acabam buscando alternativas nas ruas para conquistar respeito e dinheiro.

A música também faz uma crítica social clara, principalmente ao abordar a falta de investimento em educação: “É óbvio que eles não vão investir na educação, que eles quer que nós morra burro”. Esse trecho evidencia o sentimento de abandono pelo governo e reforça a revolta e a resistência presentes na letra. O orgulho da identidade negra aparece como resposta a esse cenário, em versos como “Negro jovem, autoestima / Jovem negro tem uma mina / O que os ancestrais ensina”. Alee mistura relatos pessoais, referências à cultura de rua e metáforas como “jogaram na selva, eu sou o leão”, simbolizando a luta diária para superar as adversidades. O duplo sentido em frases como “Eu sou cachorro, tu é cadela” traz tanto a gíria do trap quanto uma afirmação de liberdade e atitude, mostrando a dureza e a autenticidade de quem vive o "caos" retratado no álbum.