Rucón

Poder e contradições no universo de “Rucón” de Alemán

A música “Rucón”, de Alemán, explora o universo de ostentação e poder em torno do personagem-título, um homem mais velho, influente e cercado de luxo, típico do noroeste mexicano. A letra descreve cenas marcantes, como carros importados (“la Toyota”), joias chamativas (“cadena diamantada”), festas com drogas e mulheres, além de uma postura de respeito e temor diante do “rucón”. Elementos recorrentes como “fumando mota”, “caguamas” (cervejas grandes) e “la clika” (a turma) reforçam o clima de camaradagem, ostentação e também de excessos e riscos constantes.

Alemán não faz apologia ao crime, mas retrata uma realidade social presente em partes do México, onde o “rucón” representa tanto sucesso quanto transgressão. Trechos como “la fiesta no se acaba, se escuchan armas cortadas” (“a festa não acaba, ouvem-se armas engatilhadas”) e “me gusta burlar las redes que tienen los federales” (“gosto de driblar as armadilhas dos federais”) mostram a proximidade desse estilo de vida com o narcotráfico e a ilegalidade, funcionando mais como exposição ou crítica do que como glorificação. O uso de expressões regionais e a ambientação mexicana dão autenticidade à narrativa, enquanto a participação de figuras como Jesús Ochoa no videoclipe reforça o impacto cultural da música. “Rucón” é, assim, um retrato direto de um universo onde poder, dinheiro e perigo se misturam, revelando tanto o glamour quanto as contradições desse estilo de vida.