Hold On

“Hold On”: retorno, sonho-profecia e força coletiva

“Hold On”, de Alexia Evellyn, nasce do choque pessoal e de um impulso coletivo. A artista quase abandonou a música após o cancelamento, na pandemia, da turnê do Cirque du Soleil; um sonho que ela leu como profecia reacendeu sua vontade e moldou a faixa como manifesto de união e justiça, em sintonia com o espírito de “Mulher, Vida, Liberdade”. O canto “heya ho” (canto rítmico) e o refrão “Hold on” (aguente firme) viram brado comunitário para não desistir do amor, do “nós” e da confiança.

A letra se apoia em imagens diretas e fortes. “We’ll be dancing in the fire of the living” (estaremos dançando no fogo dos vivos) evoca a energia vital que persiste; “a million sisters voices” (um milhão de vozes de irmãs) aponta para a sororidade em ação. A ética da reciprocidade aparece em “giving all we have to be receiving” (dando tudo o que temos para poder receber) e se expande com “every word we share... be forgiving” (cada palavra que compartilhamos... seja de perdão), sugerindo cura e justiça restaurativa. A autodescoberta surge no “star child” (criança das estrelas) que brada em “pure tranquility” (pura tranquilidade) e na corrida “towards the Sun” (em direção ao Sol), símbolos de coragem e propósito. O clipe nas Dunas da Joaquina reforça a travessia luminosa e a conexão de Alexia com a natureza, em continuidade ao capítulo anterior de “Savage Daughters”. O refrão “Hold on” (aguente firme) funciona como mantra; sua repetição, junto do heya ho, cria um transe rítmico de comunidade e elevação.

Há uma passagem clara da dor à liberação. O comando “Dance the hurt away” (dance para espantar a dor) propõe um ritual de cura pelo corpo, enquanto “Mothers words of wisdom... crawl inside my system” (as palavras de sabedoria da minha mãe... entram no meu sistema) transforma o conselho materno em guia interno. Vindo de um momento em que quase desistiu, o single se afirma como gesto de resiliência: cada batida encoraja leveza e coragem, e cada palavra compartilhada abre espaço para o perdão.