Misogyny

Violência de gênero e crítica social em “Misogyny”

A música “Misogyny”, na versão do Alexisonfire, aborda de forma direta o ciclo de violência doméstica e abuso emocional sofrido por mulheres. A letra expõe como a sociedade normaliza esse sofrimento e inverte valores, colocando a vítima em uma posição de constante perdão ao agressor. O refrão “Oh, upside down” (“Oh, de cabeça para baixo”) reforça a ideia de um mundo distorcido, onde a vítima é pressionada a dar novas chances, mesmo após repetidas agressões. Trechos como “He veers, she fears / He's coming home to box her ears” (“Ele desvia, ela teme / Ele está voltando para bater nela”) mostram claramente a ameaça física e o medo constante vivido por essas mulheres. Já “Welfare takes care / Of all the women in his lair” (“A assistência social cuida / De todas as mulheres no covil dele”) faz uma crítica à dependência econômica e à falta de opções para quem está presa nesse ciclo de violência.

Segundo George Pettit, a escolha da banda por essa música também homenageia a influência da Rusty e a cena musical canadense dos anos 90, mas o conteúdo da letra segue atual e impactante. O tom sombrio é intensificado por versos como “She's tired, growing tired / He's gonna rip her up inside” (“Ela está cansada, ficando mais cansada / Ele vai destruí-la por dentro”), que mostram o desgaste emocional e físico da vítima. A repetição de “You'll always give him one more” (“Você sempre vai dar mais uma chance a ele”) evidencia a manipulação e a esperança frustrada. Expressões como “His bad luck, man, it sucks / She's been impressed, who gives a fuck?” (“O azar dele, cara, que droga / Ela ficou impressionada, quem se importa?”) denunciam o descaso social diante do sofrimento feminino. Assim, “Misogyny” é um retrato forte e necessário das estruturas de poder e violência de gênero, mantendo sua relevância tanto no contexto original quanto na releitura do Alexisonfire.