Amor É Água Que Corre

A efemeridade do amor em "Amor É Água Que Corre"

Em "Amor É Água Que Corre", Alfredo Marceneiro utiliza a metáfora da água corrente para expressar uma visão realista e desencantada sobre o amor. Assim como a água que passa e desaparece, o amor é retratado como algo transitório e inevitavelmente passageiro. Essa comparação, presente no título e repetida na letra, reforça o tom melancólico e resignado da canção, alinhando-se à tradição do fado de abordar a efemeridade das emoções e a aceitação do sofrimento como parte da vida.

A letra mostra a luta entre o desejo de esquecer um amor perdido e a tentativa de buscar consolo em outros relacionamentos, como no verso “Hei-de esquecer tua boca / Na boca d'outra mulher”. No entanto, essa busca é apresentada de forma resignada, sem esperança de superação real, apenas de substituição temporária. O trecho “Tudo é vário neste mundo / Mesmo o amor mais profundo / Que dia a dia se apouca” destaca que até os sentimentos mais intensos se desgastam com o tempo, e a indiferença acaba por matar a crença no amor. O contexto histórico de Marceneiro, reconhecido por sua autenticidade e profundidade emocional, reforça a força dessa mensagem. Assim, "Amor É Água Que Corre" sintetiza a visão amarga de que o amor, por mais intenso que seja, está sempre sujeito ao desgaste e ao esquecimento, um tema universal interpretado com a autenticidade e melancolia típicas do fado.