What The Hell Have I

“What The Hell Have I”: máscaras, culpa e ruptura

Em “What The Hell Have I”, o título soa como um acerto de contas antes da decisão de “Let it die” (deixe morrer). Essa passagem para o corte é reforçada pelo timbre tenso da guitarra-sitar de Jerry Cantrell, cujo brilho metálico acentua a alienação. A letra mostra uma relação corroída por mentiras e fachadas — “Masks are made to hide the glow” (Máscaras são feitas para esconder o brilho) — que pode envolver outra pessoa ou o próprio narrador, como se houvesse um “rosto” interno que o critica. O refrão insiste na dificuldade do recomeço — “It’s hard to start things over” (É difícil recomeçar) — e na pressão constante — “You can feel the fire around us all the time” (Você pode sentir o fogo ao nosso redor o tempo todo) —, conectando a música a temas de introspecção, arrependimento e combate à autodestruição. O clima é tenso e exausto, entre frustração e resignação.

As imagens de esvaziamento e descarte moral — “Your soul served on a plate / Throw it away” (Sua alma servida num prato / Jogue fora) e “What you give is not alive” (O que você dá não tem vida) — sugerem algo que “It takes you every day” (Isso te consome todos os dias): um vício, um padrão tóxico ou a persona que sustenta as mentiras. O clipe dirigido por Rocky Schenck, com múltiplos reflexos do rosto de Layne Staley, espelha as “máscaras” e a identidade fragmentada, reforçando o confronto interno e o corte definitivo de “Let it die” (deixe morrer). Embora escrita para o álbum Dirt e depois reservada para a trilha de O Último Grande Herói, a faixa dialoga com os temas de fachada e performance do filme; ao mesmo tempo, seu riff distintivo e a angústia contida a tornaram marcante, alcançando a 19ª posição na Mainstream Rock Tracks.