Rascunhos
Aline Frazão
Mais uma madrugada de incenso e silêncio
Paredes vazias, o eco na sala
Páginas vazias, o ego que cala
Casa desarrumada, o som das cordas sós
Poeira nas molduras
Memórias turvas de nós
A dúvida agora era uma dor que arde
Como vela frágil iluminando rascunhos de amor
O corpo feito estátua de gelo
Como as conversas banais
Para sempre afinal era demais
Quem sabe um dia
Ou nunca mais
Mais outro fim de tarde cinzento ao relento
A alma vazia, o amor já não chega
É uma casa vazia onde mais ninguém entra
Não, nem o passado me dá chão
E muitas mais madrugadas virão
Seca a fonte da esperança de mais uma dança
Amor, assim te deixo
Apago o incenso, tranco a porta
A frase fecho e não mais mexo
No que não sei responder
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