Bombaim

Misticismo e tragédia popular em “Bombaim” de Almir Guineto

A música “Bombaim”, de Almir Guineto, retrata a trajetória de um jangadeiro lendário, unindo elementos do folclore e da religiosidade afro-brasileira. A letra apresenta Bombaim como um herói admirado — “o melhor Jangadeiro”, “grande aventureiro”, “bom companheiro” —, mas que, apesar de sua coragem, acaba sucumbindo a forças maiores. O texto destaca como a queda de Bombaim pode ter sido causada tanto por uma “praga de amor de uma sereia” quanto por uma “surra do seu Orixá”, mostrando a convivência entre o imaginário fantástico das lendas e a fé nas entidades do candomblé e da umbanda, presentes na cultura popular.

A metáfora do mar, expressa em versos como “É essa vida é traiçoeira como o mar / É maré cheia um dia tem que esvaziar”, reforça a ideia de que a vida é imprevisível e que todos estão sujeitos a reviravoltas. A canção sugere que Bombaim pode ter sido punido por desafiar limites sagrados ou se envolver com o proibido, misturando aventura, tragédia e misticismo. Assim, “Bombaim” celebra a coragem e o espírito aventureiro, mas também alerta para os riscos de ultrapassar fronteiras estabelecidas pelas crenças e lendas do povo brasileiro.