Rap Nativo (part. Owerá)

Resistência indígena e ancestralidade em “Rap Nativo (part. Owerá)”

Em “Rap Nativo (part. Owerá)”, Alok e Owerá destacam a resistência e a continuidade das culturas indígenas no Brasil, muito antes da colonização. A frase “Antes do Brasil da Coroa existe o Brasil do Cocar” sintetiza essa ideia, mostrando que a história e a identidade dos povos originários precedem e resistem à violência histórica imposta pela colonização. O uso predominante do guarani na letra reforça a valorização e a preservação da cultura indígena, enquanto versos como “Jurua ka'aguy ojuká / Ko nhande yy omongy'a” (“O não-indígena mata a floresta / Polui nossas águas”) denunciam a destruição ambiental e a invasão dos territórios indígenas, temas frequentemente abordados por Owerá e por lideranças como Célia Xakriabá.

A música alterna momentos de celebração da ancestralidade com denúncias diretas, como em “Tekoa py roikó, mborai roguereko / Roikó orerekó, mbarete ayvu aé aju ajapó” (“Vivemos na aldeia, temos nossa cultura / Vivemos com força, com a palavra forte eu venho fazer”). Aqui, a força da palavra e da tradição aparece como instrumento de resistência e afirmação da identidade indígena. Elementos espirituais, como “Tupã kuery ogueru mbaraete” (“Os deuses trazem força”), reforçam a ligação entre espiritualidade, território e luta. Ao unir o rap, símbolo de resistência urbana, com a musicalidade indígena, Alok e Owerá criam uma ponte entre diferentes realidades, ampliando a voz dos povos originários e promovendo o reconhecimento de sua importância histórica e cultural, como propõe o álbum “O Futuro é Ancestral”.