Multipartisme (Médiocratie)

Crítica social e política em “Multipartisme (Médiocratie)” de Alpha Blondy

Em “Multipartisme (Médiocratie)”, Alpha Blondy faz uma crítica direta ao sistema multipartidário, mostrando que a simples existência de vários partidos não garante uma democracia verdadeira. O artista alerta para o risco de o multipartidarismo se transformar em "médiocratie" quando serve apenas para aprofundar divisões étnicas e políticas. O verso repetido “Multipartiste c'est pas tribaliste” (“Multipartidarismo não é tribalismo”) destaca a preocupação de Blondy com a confusão entre pluralidade política e rivalidades tribais, especialmente no contexto da Costa do Marfim dos anos 1990, quando a abertura política expôs tensões étnicas sob o pretexto de pluralismo.

A música retrata uma insatisfação social generalizada, citando categorias como militares, policiais, professores, estudantes, médicos e operários, todos “fachés” (irritados) devido a salários baixos, falta de direitos e repressão. A frase “Wari-banan, wari banan Gbereya be be-kan” (“Não há mais dinheiro, em toda parte é crise”) reforça o sentimento de crise econômica e desesperança. Ao mencionar cidades como Abidjan, Cotonou, Bamako, Libreville, Conacri, Monróvia, Lomé, Kinshasa e Adis Abeba, Alpha Blondy amplia sua crítica, mostrando que esses problemas afetam toda a África, não apenas seu país de origem.

O uso de diferentes línguas e a referência a partidos políticos locais (PDCI, PIT, USD, FPI) evidenciam a preocupação do artista com a fragmentação social e a manipulação política. “Tout le monde est Faché” (“Todo mundo está irritado”) resume o clima de frustração coletiva, enquanto a música serve como um chamado à consciência e à união diante dos desafios políticos e sociais do continente.